segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Missão Espanha-Inglaterra 2 - Instituto Tecnológico da Informática – ITI

É um excelente exemplo de instituição que agrega todo um determinando segmento: empresas tecnológicas, centros tecnológicos, universidades, aliados operacionais e institucionais e clientes. No Brasil temos entidades semelhantes, mas me chamou atenção o número de projetos anuais e publicações, essa sim uma cultura a ser disseminada pelo nosso país. Daí nosso pequeno número de patentes e publicações internacionais, uma vez que, ou estamos voltados para a produção, ou para a vida acadêmica, tendo poucos pontos de contatos entre as partes.

Os projetos, embora encham os olhos (biometria facial, visão artificial, reconhecimento de voz), não são exatamente originais. Ou, talvez, os mais avançados não estavam à nossa disposição.

Gostei muito da missão da instituição: captar e analisar tendências e evoluções das TIC e as estratégias de investigação, além das políticas tecnológicas. Ou seja, tem uma preocupação com o olhar para frente, sem se descuidar com o rigor metodológico – deixando de ser apenas um apontador de rumos sem embasamento substancial - e, por último, encaixando, adaptando ou sugerindo sua aplicabilidade no mundo político real.

Também chamou a atenção o “Observatório Tecnológico”, um site com serviços de apoio ao segmento de desenvolvedores de tecnologia. Um instrumento de fácil implementação, embora seja mais árdua a sua manutenção. Seria um ótimo instrumento a ser copiado, se já não existe e simplesmente sou eu quem o desconheço. O “Observatório” me pareceu ser um projeto do qual o instituto se orgulha em manter.

Na reunião sobre TV Digital, embora tenha ido apenas um produtor, foi importante para mapearmos um pouco a realidade da TV Digital na Espanha. De lá sai a primeira notícia – que se repetiria em outras visitas – que as fabricantes de televisão são os novos e possíveis importantes atores do segmento (incluindo a questão da interatividade), já que estão lançando aparelhos com especificações locais, semelhantes como os aparelhos de telefonia. Embarcados neles, aplicativos gerais ou específicos por marca, por cidade e por serviços.

Outro depoimento, que também que será repetido em outros momentos da missão, é que a interatividade não se instalou, tanto na cultura de quem assiste, como naqueles que produzem, exceto por uma interatividade rala ou puramente comercial, como a que já acontece no Brasil, independente da tecnologia de TV Digital.

Para o produtor, “o tema da TV Digital está em aberto”. Ainda seria necessário o Estado estabelecer o que se pretende dela, algo que não se desenha no cenário próximo. Ele também não vê com otimismo o celular, mas acredita que a interatividade pode ressurgir como um bom instrumento desde que se invista nas crianças e na opinião dos usuários.

Reproduzo aqui tal relato porque é sintomático com o que vivemos, ou poderemos viver, no Brasil. Se estabelece, uma vez mais, um instrumento de fortalecimento do tradicional modelo vertical, de canais “cabeça-de-rede”, com os aplicativos de interatividade. Com isso, podemos caminhar para a mesma descrença que vivem os espanhóis e os ingleses (como veríamos nas visitas seguintes) em relação à interatividade. Sendo que o maior ganho seria justamente utilizar a tecnologia interativa para reforçar a comunicação local. Como exemplo, o produtor, inclusive, cita o caso de uma cidade do interior que, ao serem perguntados o que gostariam de ver através da nova tecnologia, as pessoas responderam que seriam os obituários. Em segundo lugar, as informações locais e, em terceiro, a disponibilidade de quadras esportivas.

Por fim, o produtor relatou que acha o Ginga avançado, a primeira das impressões semelhante que também recolheríamos ao longo da missão: temos um sistema avançado, talvez o mais avançado do mundo. No entanto, se, por um lado, ficou claro que eles não buscam uma interatividade plena, por outro, estamos com uma espécie de “Ferrari” dos midlleware na mão, mas sem plano de corrida, sem saber o que fazer com ela. Pior: se nada fizermos, ficará como eles, sem acrescentar a interatividade na cultura, e deixarão para que os fabricantes de equipamentos determinem o seu uso. Lembrando que temos problemas sociais que a Espanha e a Inglaterra já não têm, daí a necessidade de novas tecnologias para combatê-los, e a interatividade da TV Digital deveria ser uma delas.

Quanto às TVs Universitárias, também começou a se delinear uma impressão que serviria como uma das conclusões da missão para nós: a de que as TVUs poderiam e serviriam como os laboratórios ideais para se testar toda essa interatividade que reivindicamos, graças as suas características acadêmicas, de abrangência e de produtividade.

Eles têm uma TV universitária em sinal aberto, mas não me pareceram muito entusiasmados com ela. Não está digitalizada. O tempo curto não permitiu que pudéssemos visitá-la.

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